O Corinthians deu um importante passo na tentativa de reestruturar suas finanças. O clube protocolou, na 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo, o plano oficial para pagamento de credores, parte crucial para a aprovação do Regime Centralizado de Execuções (RCE). Caso seja homologada pela Justiça, essa medida impedirá novos bloqueios judiciais às contas corintianas e garantirá maior previsibilidade ao fluxo de caixa.
O documento detalha como o clube pretende quitar R$ 367 milhões em dívidas dentro do RCE. Esse valor corresponde a 15% do montante total da dívida de R$ 2,4 bilhões que afeta financeiramente o Corinthians. O plano propõe que 4% da receita mensal do clube seja destinada ao pagamento desses valores, além de estabelecer diretrizes para o uso de receitas com vendas de jogadores.
Mas será que esse plano realmente ajudará a reorganizar as contas do clube? E o que ele representa para o futuro financeiro do Timão?
O Rombo Financeiro do Corinthians: Entenda a Situação
O documento protocolado pelo clube detalha a composição total da dívida do Corinthians, que hoje ultrapassa R$ 2,4 bilhões. Dentro desse montante, as seguintes categorias se destacam:
📌 Dívidas trabalhistas e cíveis: R$ 926 milhões
📌 Encargos tributários não pagos: R$ 817 milhões
📌 Dívidas relacionadas à construção da Neo Química Arena: R$ 677 milhões
O clube também destacou os três principais fatores responsáveis pelo endividamento massivo:
➤ Fluxo de Caixa Estrangulado 🏦
A falta de equilíbrio entre receitas e despesas ao longo dos anos impactou diretamente a capacidade do clube honrar seus compromissos. Gastos excessivos e a falta de planejamento financeiro pioraram a situação.
➤ Gestões Financeiras Ineficientes no Passado 🏗️
Diferentes administrações acumularam dívidas sem conseguir gerar receita suficiente para honrá-las. Contratações caras, salários altos e falta de um planejamento de médio e longo prazo afetaram diretamente a estabilidade econômica do clube.
➤ Impactos da Pandemia de COVID-19 🦠
A crise global reduziu drasticamente as receitas dos clubes de futebol, limitando a arrecadação com bilheteria, patrocínios e direitos de transmissão. O Corinthians sentiu consideravelmente esses efeitos, aumentando sua dependência de adiantamentos financeiros.
Como o Corinthians pretende pagar a dívida de R$ 367 milhões?
O plano apresentado pelo clube utiliza o Regime Centralizado de Execuções (RCE), mecanismo jurídico criado para viabilizar o pagamento de dívidas de entidades esportivas. O Corinthians propõe quitar R$ 367 milhões do seu total de R$ 2,4 bilhões da seguinte forma:
✔ 4% da receita mensal do clube será destinada ao pagamento dos credores. A legislação permite que esse percentual chegue a 20%, mas o Corinthians definiu um percentual menor como estratégia para preservar a operação financeira do clube.
✔ Venda de jogadores: Além da contribuição mensal, está prevista a destinação de 5% das receitas com transferências de atletas para um mecanismo chamado de “leilão reverso”, no qual credores podem aceitar descontos de até 30% sobre o valor a receber para acelerar o pagamento.
✔ Prazo de até 10 anos: Pela Lei 14.193/2021, clubes que aderem ao RCE têm um prazo regular de seis anos para quitar suas dívidas. No entanto, se conseguirem pagar 60% do total dentro desse período, podem obter uma prorrogação de mais quatro anos, permitindo, assim, um prazo total de 10 anos para quitação completa.
🏛️ Se aprovado, o RCE impedirá novos bloqueios judiciais nas contas do Corinthians e organizará sua estrutura de pagamento. Ou seja, oferecerá maior previsibilidade financeira ao clube.
Quem serão os credores pagos primeiro?
O plano do Corinthians estabelece critérios de prioridade para o pagamento dos credores. Isso significa que alguns grupos terão preferência no recebimento dos valores antes de outros. Os sete pontos prioritários são:
1️⃣ Idosos 👴🏼
2️⃣ Pessoas com doenças graves 🏥
3️⃣ Créditos inferiores a 60 salários-mínimos 💰
4️⃣ Gestantes 🤰
5️⃣ Vítimas de acidente de trabalho 🏗️
6️⃣ Credores que aceitarem um desconto de pelo menos 30% no valor devido 📉
7️⃣ Credores que, em futuras negociações, puderem gerar novas receitas ao clube 📈
O objetivo dessa ordem de prioridade é proteger credores em maior vulnerabilidade e, ao mesmo tempo, estruturar fluxos de pagamento que favoreçam a recuperação econômica do clube.
O que o plano significa para o futuro do Corinthians?
A submissão deste plano pelo Corinthians à Justiça representa um passo importante para a tentativa de reestruturar suas finanças e evitar novos problemas financeiros a curto e médio prazo. Se aprovado, o regime dará previsibilidade ao clube, permitindo que ele siga honrando seus compromissos sem o risco de sofrer bloqueios judiciais inesperados.
Além disso, o documento enfatiza que esse plano permitirá ao clube continuar suas atividades esportivas de forma sustentável.
“O objetivo deste Plano de Pagamento é permitir que o Corinthians mantenha suas atividades de maneira saudável e possibilitando aos credores o recebimento organizado de seus respectivos créditos.”
A estratégia de utilizar parte das receitas de transferências de jogadores reforça o compromisso do clube em dependência financeira menor de empréstimos e adiantamentos. No entanto, para que esse plano funcione, será necessário um rigoroso controle financeiro e uma estrutura de captação de receitas eficiente.
Conclusão: um passo necessário, mas com desafios pela frente
O Corinthians está diante de um desafio gigantesco, mas a formalização desse plano de pagamento representa uma luz no fim do túnel. Se a Justiça aprovar a estratégia, o clube poderá ganhar um fôlego financeiro importante, minimizando a possibilidade de novas dívidas desordenadas.
Contudo, o sucesso real desse projeto dependerá da capacidade da gestão corintiana de manter a disciplina financeira, aumentar suas fontes de receita estável (patrocínios, bilheterias, sócio-torcedor) e realizar movimentações estratégicas no mercado de transferências.
A reconstrução econômica do Timão será um processo árduo e que exigirá transparência, comprometimento e planejamento de longo prazo. Se bem executado, essa estratégia pode representar o início de uma recuperação sustentável. Caso contrário, o clube poderá enfrentar novas instabilidades financeiras nos próximos anos.
A torcida corintiana, agora, espera que a diretoria cumpra com responsabilidade esse plano e que o Corinthians possa, no futuro, se concentrar mais no futebol e menos nos problemas financeiros.